Uma vez que já me desorientaram o dia todo (acham normal que me desmarquem uma diligência em Viseu no próprio dia, sabendo que vou de fora?) fiquei com tempo a mais com que não estava a contar, e uma grande fúria para descarregar, por esta e outras coisitas que agora não vêm ao caso.
E que melhor maneira para aproveitar o meu tempo recentemente ganho do que transformar a fúria em energia positiva e aliviar um bocadinho a carga dos ombros da nossa doce Licínia, que não deixa de fazer o esforço de ir alimentando sempre esta nossa amizade?
Respira, Maf...
Pronto! Já está melhor!
Pois então, e porque como diz a Licínia, ter trinta anos “não tem só coisas más”, hoje deixo aqui algumas das coisas boas (pelo menos para mim, não sei se os outros se sentem na mesma), para o Sesé se ir preparando, se bem que a ele ainda lhe faltam muiiiiitos anos!
Aos trinta sabemos definitivamente muito melhor o que queremos e gostamos, já não é tão fácil dar-nos a volta e também já não nos contentamos assim com qualquer coisa; a palavra “qualidade” começa a fazer parte do nosso vocabulário e como percebemos que o tempo passa depressa, temos muito menos paciência para o desperdiçar com coisas, situações, lugares e pessoas que não valem realmente a pena... por isso é que é muitas vezes aos trinta que a malta decide dar o tal “chuti no baudi” de que falava a Moniquinha e alterar profundamente o rumo da sua vida... ele há os que se casam, os que se separam, os que decidem mudar de país, os que decidem ter filhos, os que decidem não ter, outros que decidem sair de casa... faz-vos lembrar alguma coisa? Espero que sim, porque é bom sinal.
Está na altura de subir um degrau e começar a perceber onde queremos estar aos quarenta.
Somos independentes, fortes, cheios de problemas, cantos e recantos que nos tornam muito mais interessantes e complexos. Já conseguimos arranjar alguns truques para lidar com os nossos traumas, tristezas e problemas, que também conhecemos melhor.
Estamos mais bonitos (não estamos?), menos inocentes e menos radicais.
As mulheres têm mais sentido de humor. Os homens estão mais chatos e sérios.
Mesmo quando as finanças estão em baixo, conseguem estar acima dos melhores momentos dos “vinte”, o que nos permite ter muito mais qualidade de vida... será que aos vinte conseguíamos ir ao “Sacas” como fomos este Verão e passar quatro dias a fazer refeições fora?
Não é tão fácil estar calado. Quando damos conta, já nos saiu “aquela” que não era para dizer (ou isso sou só eu?), mas também temos muito menos medo de exprimir o que sentimos e menos medo de “apanhar na cabeça” ou ficar com o coração em pedacos... mais pedaço, menos pedaço, já sabemos que ele ha-de ir ao sítio.
Eu, aos trinta, tenho a maior riqueza do mundo, que é saber o que é ser mãe. Deste privilégio, não posso falar muito, porque não me chegam as palavras. Só posso recomendar-vos que experimentem.
E mais Licínia?
Agora é que marchavam a cervejinha e os tremoços!